quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Os três conselhos...

OS TRÊS CONSELHOS...

Um casal de jovens recém-casados, muito pobre, vivia de favores num sítio do interior.
Um dia o marido fez a seguinte proposta para a esposa:
– Querida, eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arrumar um emprego e trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável. Não sei quanto tempo vou ficar longe, mas só te peço uma coisa: que você me espere e, enquanto eu estiver fora, seja fiel a mim, pois eu serei fiel a você.

Assim sendo, o jovem saiu. Andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo. O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar, no que foi aceito. Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também foi aceito. O rapaz pediu o seguinte:
– Deixe-me trabalhar pelo tempo que eu quiser e, quando eu achar que devo ir, o senhor me dispensa das minhas obrigações. Eu não quero receber o meu salário agora. Peço que o senhor o coloque na poupança até o dia em que eu for embora. No dia em que eu sair o senhor me dá o dinheiro e eu sigo o meu caminho.

Tudo combinado, o jovem trabalhou durante vinte anos, sem férias e sem descanso. Depois, chegou para o patrão e disse:
– Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para a minha casa.

O patrão então lhe respondeu:
– Tudo bem, afinal, fizemos um pacto e vou cumpri-lo, só que antes quero lhe fazer uma proposta: eu lhe dou o seu dinheiro e você vai embora, ou então lhe dou três conselhos e não lhe dou o dinheiro e você vai embora. Se eu lhe der o dinheiro eu não lhe dou os conselhos, se eu lhe der os conselhos, eu não lhe dou o dinheiro. Vá para o seu quarto, pense e depois me dê a resposta.

Ele pensou durante dois dias, procurou o patrão e disse-lhe:
– Quero os três conselhos.
O patrão novamente frisou:
– Se eu lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro.
E o empregado respondeu:
– Quero os conselhos.

O patrão então lhe falou:
– Conselho 1:
NUNCA TOME ATALHOS EM SUA VIDA”
Caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida.
– Conselho 2: “NUNCA SEJA CURIOSO PARA AQUILO QUE É MAL”
A curiosidade para o mal pode ser mortal.
– Conselho 3: “NUNCA TOME DECISÕES EM MOMENTOS DE ÓDIO OU DE DOR”
Você pode se arrepender e ser tarde demais.

Após dar os conselhos, o patrão disse ao rapaz, que já não era tão jovem assim:
– Aqui você tem três pães: dois para comer durante a viagem e o terceiro é para comer com sua esposa quando chegar à sua casa.
O homem então seguiu seu caminho de volta, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que tanto amava.

Após o primeiro dia de viagem, encontrou um andarilho que o cumprimentou e lhe perguntou:
– Para onde você vai?
Ele respondeu:
– Vou para um lugar muito distante que fica a mais de vinte dias de caminhada por essa estrada.
O andarilho disse-lhe então:
– Rapaz, este caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é dez, você chega em poucos dias.
O rapaz, contente, começou a seguir pelo atalho, quando lembrou do primeiro conselho. Então, voltou e seguiu o caminho normal. Dias depois, soube que o atalho o levaria a uma emboscada.
"NUNCA TOME ATALHOS EM SUA VIDA"

Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, achou uma pensão à beira da estrada, onde pôde hospedar-se. De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor. Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para ir até o local do grito. Quando estava abrindo a porta, lembrou-se do segundo conselho. Voltou, deitou-se e dormiu. Ao amanhecer, após tomar café, o dono da hospedagem perguntou-lhe se ele não havia ouvido um grito, e ele disse que sim. E o hospedeiro:
– E você não ficou curioso?
Ele disse que não. No que o hospedeiro respondeu:
– Você é o primeiro hóspede a sair daqui com vida, pois meu filho tem crises de loucura, grita durante a noite e, quando o hóspede sai, mata-o e enterra-o no quintal.
"NUNCA SEJA CURIOSO PARA AQUILO QUE É MAL"

Depois disso, o rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso por chegar à sua casa. Depois de muitos dias e noites de caminhada, já ao entardecer, viu entre as árvores a fumaça de sua casinha, andou e logo viu entre os arbustos a silhueta de sua esposa. Estava anoitecendo, mas ele pôde ver que ela não estava só. Andou mais um pouco e viu que ela retinha entre as pernas um homem a quem acariciava os cabelos. Quando viu a cena, seu coração se encheu de ódio e amargura e decidiu-se a correr de encontro aos dois e matá-los. Respirou fundo, apressou os passos, quando lembrou-se do terceiro conselho. Então parou, refletiu e decidiu dormir ali mesmo naquela noite, e no dia seguinte tomar uma decisão. Ao amanhecer, já com a cabeça fria, disse:
– Não vou matar minha esposa e nem o seu amante. Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta. Só que, antes, quero dizer à minha esposa que eu sempre lhe fui fiel.
Dirigiu-se à porta da casa e bateu. Quando a esposa abriu a porta, reconheceu-o imediatamente, atirou-se em seu pescoço e abraçou-o afetuosamente. Ele tentou afastá-la, mas não conseguiu. Então, com as lágrimas nos olhos, disse-lhe:
– Eu fui fiel a você e você me traiu...
Ela, espantada, respondeu:
– Como? Eu nunca lhe traí, esperei durante esses vintes anos.
Ele então lhe perguntou:
– E aquele homem que você estava acariciando ontem, ao entardecer?
Ela lhe respondeu:
– Aquele homem é nosso filho. Quando você foi embora, descobri que estava grávida. Hoje ele está com vinte anos.
"NUNCA TOME DECISÕES EM MOMENTOS DE ÓDIO OU DE DOR"

Então o marido entrou, conheceu, abraçou o filho e contou-lhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava o seu café. Sentaram-se para comer juntos o último pão. Ele então parte o pão e, ao abri-lo, encontra todo o seu dinheiro – o pagamento por seus vinte anos de dedicação.

Um comentário:

Anônimo disse...

Apenas...Adorei